“O ‘CQC’ me fez descobrir a maldade”, diz Monica Iozzi

Monica garante que seu trabalho no 'CQC' trata-se de uma "personagem-repórter"

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Imagem: Divulgação/Band
Única mulher do 'CQC' até a última temporada do programa, Monica Iozzi é do interior de São Paulo e, embora tenha pensado em estudar jornalismo, nunca se imaginou na profissão. Formada em artes cênicas, ela garante que o trabalho no humorístico não requer fórmulas e que deixou de ser "poliana". "Percebi que as coisas são ruins mesmo. É pior do que imaginamos, atinge muito mais gente do que pensamos e é muito mais difícil de ser combatida".

Fora de seu personagem e sem fazer as recorrentes piadas, Monica conversou com o Comunique-se sobre reportagem, censura e dificuldades de trabalhar o humor dentro do jornalismo. "O 'CQC' é assim, você chega e eles te jogam para os leões. Ou você se vira ou sai correndo. O começo é muito difícil".

Veja a íntegra da entrevista:

Como foi o começo no 'CQC'?
Não é um trabalho que tem fórmula, não há regras. Cada repórter é de uma maneira, tem o seu jeito e o seu personagem. Só que no começo ninguém me falou isso. Em vários momentos tive que parar e me perguntar 'o que é isso que estou fazendo?'.Ganhei o concurso e no dia seguinte estava gravando uma matéria com Gilberto Gil e em momento algum disseram 'faça isso ou aquilo'. O 'CQC' é assim, você chega e eles te jogam para os leões. Ou você se vira ou sai correndo. O começo é muito difícil. Até você desenvolver uma linguagem, descobrir qual o seu personagem, como você interage com as pessoas, como você se aproxima dos políticos, que é uma coisa muito complicada, demora. O CQC é treino, é dia a dia e não tem jeito. Acho que em toda profissão tem um pouco disso, mas, em algumas, você ainda tem como ter embasamento e aqui não.

Como é o seu trabalho no programa?
Ainda estamos buscando uma fórmula. Não sabemos ainda exatamente o que é o humor com informação, o que é jornalismo com humor. O que sempre tento fazer é uma charge na televisão. Faço isso gravando, entrevistando e trazendo a pessoa para um papel de caricatura. Critico o que é ruim. Não costumo trabalhar muito para enaltecer a parte boa. O que o político faz de bom é obrigação e não tem que ter propaganda.

Antes do 'CQC', você já tinha pensado em trabalhar com jornalismo?
Não! A minha mãe, já! Ela queria que eu fosse a Patrícia Poeta. Cheguei a prestar jornalismo, passei e pensei: 'se eu fizer isso, é porque acho que eu até faria bem, mas isso não significa que eu tenha paixão’. Em profissão, você tem que ter mais paixão do que qualquer outra coisa. Não tem que olhar para o mercado, tem que fazer o que você quer. Então, estudei artes cênicas... Mas no final, acabei trabalhando como repórter.

Como você se prepara para as pautas?
Basicamente você precisa estar bem informado. Se você não sabe em detalhes o que está acontecendo e o momento em que está inserido o seu entrevistado na política, não dá para entrevistar. O cara te quebra, te conta uma mentira. Você não vai saber e não vai ter como retrucar. Principalmente em vídeo, porque não tem como arrumar depois. Tem que se jogar no assunto. Dá um pouco de medo, mas é igual mergulhar, tem que tapar o nariz e ir. Ninguém sabe se dá para voltar, mas tem que ir! É um exercício diário.

A Monica do 'CQC' é mais personagem ou mais repórter?
A minha personagem é uma repórter. Não sou repórter, não sou jornalista, não tenho diploma, não tenho essa formação. Sou atriz, me interesso pelos temas e descobri um trabalho em que posso falar sobre sistemas de uma maneira divertida. A Monica do 'CQC' é uma personagem, que é uma repórter engraçada, às vezes sem noção e um pouco desastrada.

O que o ‘CQC’ te acrescentou?
Percebi que as coisas são ruins mesmo. É pior do que imaginamos, atinge muito mais gente do que pensamos e é muito mais difícil de ser combatida. Deixei de ser mocinha, deixei de ser ‘poliana’ e caí na real do que é o mundo. Não é só aqui no Brasil. É tudo muito parecido, mas em graus diferentes. São momentos diferentes, mas o homem é corruptível de maneira geral e descobrir a maldade é complicado. O 'CQC' me fez descobrir a maldade, a maldade que eu achava que era coisa só de filme.

Você consegue reportar tudo isso?

Todos os lugares têm censura. Alguns mais e outros menos, um para determinado assunto, outro para determinada pessoa, outro com a linguagem que você escolheu. Sempre vai ter censura. De tudo que é possível alguém sofrer de censura, eu sofri muito pouco. Acredito que estou num dos lugares mais liberais. Sempre existe censura e em todas as áreas, não só no jornalismo. Tem coisas que são controladas pelo dono, pelas corporações, em todos os lugares. São empresas e essas empresas são de alguém que quer ganhar dinheiro. Então você tem que saber até onde você consegue andar dentro de tudo isso.

Como você lida com essa situação?
Sou bem rebelde, às vezes me faço de louca, finjo que não vi e faço. Mas se você chutar o ‘pau da barraca’ em todo o lugar, você não vai trabalhar em lugar nenhum. Você vai trabalhar na sua casa escrevendo para o seu blog. Estou aprendendo a ter jogo de cintura porque eu era muito extremada. Isso reduziu. Os meus princípios são os mesmos, mas é preciso saber até onde você deve ceder para que a coisa seja possível. Melhor ficar sem falar nada, ou ceder um pouco para dizer grande parte do que você quer?

Quais são os projetos para este ano?
Meu principal projeto é me organizar. O 'CQC' tem uma rotina muito louca e eu sou atriz e preciso voltar a trabalhar na área. Não estou encontrando tempo e isso está complicado. Então eu quero me organizar para ver para onde eu ando.

Fonte: Comunique-se

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