Valdemar Costa Neto é eleito pior parlamentar pelo CQC
O vencedor das más práticas parlamentares, segundo a escolha dos próprios colegas, foi o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP). Apelidado pelo pai de “Boy”, Valdemar foi apontado como um dos envolvidos no esquema de compra de votos que ficou conhecido como mensalão, em 2005. E, mais recentemente, tem sido citado em denúncias de corrupção supostamente operada pelo seu partido junto ao Ministério dos Transportes – a repercussão de diversas notícias sobre o assunto levou à queda do correligionário Alfredo Nascimento, ex-chefe daquela pasta e senador pelo Amazonas. Valdemar é secretário geral do PR.
Valdemar não falou para a reportagem do CQC, que o procurou até em seu gabinete. Visivelmente contrariada, uma assessora tentava fazer o apresentador Rafael Cortez, que realizou a “eleição”, desistir da empreitada.
Deputado procurado pela Interpol, a polícia internacional, Paulo Maluf (PP-SP) venceu na categoria “mais ausente” – leia-se “que menos trabalha”, segundo o pleito bem humorado. “Mas você foi fazer uma enquete sobre o Corinthians perguntando para palmeirenses?”, questionou Maluf a Rafael Cortez, insistindo na cantilena de realização de obras públicas durante seus mandatos como governador de São Paulo – muitas das quais superfaturadas, como revelaram investigações do Ministério Público paulista. Maluf ganhou o voto de deputados como Ivan Valente (Psol-SP) e Romário (PSB-RJ) – revelação feita pelo próprio CQC, numa clara violação de “sigilo eleitoral”.
Outras categorias foram elencadas no “Prêmio CQC”, entre elas “parlamentar mais marqueteiro”, que usa recorrentemente os meios de comunicação do Congresso para se promover. Venceu Mauro Benevides (PMDB-CE), para quem o Parlamento “é para falar”. Já o troféu “parlamentar mais histérico” ficou para o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), vencedor por unanimidade – ele recebeu o voto, entre outros, de Jean Wyllys (Psol-RJ). “Dessa [escolha] eu gostei. Vou continuar gritando, principalmente quando for importante para o país”, disse o neto do ex-senador e ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007.
Reações
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), reagiu diplomaticamente à abordagem do CQC. “Eu não posso participar desse negócio, porque sou presidente da Câmara”, recuou o petista, manifestando também bom humor. “Cadê a Mônica? Ela é muito mais bonita do que você”, perguntou a Rafael Cortez, referindo-se à única mulher do CQC, Mônica Iozzi.
Outro petista também resolveu evitar a votação. “Eu não posso participar de uma votação para escolher os piores parlamentares, bem como não posso escolher os melhores”, refugou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), desconcertado quando Rafael Cortez quis saber, diante da negativa, quem o deputado “pegaria”.
Já Gastão Vieira (PMDB-MA) preferiu a crítica à brincadeira. “O Congresso em Foco elege os melhores parlamentares de uma forma muito estranha. [O CQC] escolher os piores também parece muito estranho”, disse o deputado, talvez por desconhecimento de causa ou desgostoso por jamais ter vencido em qualquer categoria do Prêmio Congresso em Foco, a partir da avaliação de jornalistas especializados na análise da atividade legislativa. Marcelo Tas ressaltou o fato de Gastão ter dito, a respeito de seu próprio partido, que se trata do “partido dos traíras”, em que “todo mundo manda e ninguém obedece”.
Como os caros internautas já sabem, o "Congresso em Foco" promove há anos uma eleição prévia com jornalistas de veículos diversos especializados na cobertura política. A edição deste ano registrou recorde de 267 jornalistas votantes. Depois dessa etapa, os parlamentares mais mencionados em várias categorias são submetidos à livre escolha dos leitores on-line , que dão números finais ao Prêmio em uma votação que praticamente elimina as possibilidades de fraudes – como votações em série por meios de robôs virtuais ou pela mesma pessoa, por exemplo. Um rigoroso sistema de apuração, acompanhado por entidades como o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, garante a lisura dos procedimentos.
Já o CQC optou por um esquema de votação que consistia apenas na abordagem dos deputados e na coleta imediata dos votos – muitos deles negaram participação no “pleito”. Analogias à parte, valem o bom humor e os bons propósitos de ambas as iniciativas, em nome da livre manifestação de pensamento.
A propósito, a trupe do CQC continua bem-vinda na cerimônia de entrega do Prêmio Congresso em Foco 2011, a ser realizada em 7 de novembro, em Brasília. Os enviados da emissora paulista estiveram à vontade entre parlamentares, jornalistas e demais convidados nas últimas três edições do evento. E provaram do próprio veneno em todas elas, sem perder o rebolado.
Vaias para o Senado
Ao final da série de matérias sarcásticas e bem-humoradas sobre o Congresso, Marcelo Tas ainda encontrou espaço para elogiar a cúpula da Câmara, personificada no presidente Marco Maia, que não proíbe o trabalho do programa em suas dependências. Pediu palmas à plateia para a Casa, no que foi atendido.
“Palmas para a Câmara por quê? Não, vaias para o Senado!”, exortou Rafael Bastos, companheiro de bancada de Tas. Nova adesão da plateia. “O Senado tem medinho do CQC…”, ironizou Tas, referindo-se à proibição imposta pelo Senado às atividades da equipe do programa no interior da Casa, sob o argumento de que os integrantes do CQC haviam violado as regras de ingresso na instituição.
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