"Originalidade não existe", diz Danilo Gentili, citado no "New York Times" como 'enfant terrible' do humor brasileiro
O comediante Danilo Gentili, integrante dos programas "CQC" e "Agora é Tarde" (Band) |
"Originalidade não existe. Mas a autencidade é algo inestimável. Se um dia a TV achar que preciso mudar, é sinal de que não sirvo pra ela e nem ela pra mim", disse, comentando o fato de o artigo, escrito pelo jornalista Larry Rohter, colocar que ele ainda não foi "domesticado" pelo formato de talk-show de seu programa.
Questionado se também tem vontade de fazer carreira internacional, assim como Rafinha Bastos, Gentili disse que "sempre que ele [Rafinha] planeja uma coisa eu planejo exatamente o contrário. Assim fico com a consciência tranquila sabendo que estou buscando o caminho do bem". Leia mais abaixo.
UOL Entretenimento: O “New York Times” disse que o formato ‘talk show’ de seu programa ["Agora é Tarde"] até agora não o domesticou. Você tem medo de se tornar um apresentador mais 'domesticado'?
Danilo Gentili - Se tem uma coisa que aprendi consumindo comédia, quadrinhos, filmes e rock é que originalidade não existe. Mas a autencidade é algo inestimável. Não sou ator, nem sou apresentador. Nunca fui repórter também. O que eu tenho é o que eu sou. Se um dia a TV achar que preciso mudar, é sinal que não sirvo pra ela e nem ela pra mim. Se você assistir meu programa verá que sou eu ali. Quem me conhece num camarim de show sabe que sou exatamente eu ali. E meus companheiros de programa também. O dia que não for mais assim, não será mais divertido e vai perder o sentido eu estar ali. O que eu faço hoje na TV é legal porque tenho liberdade.
UOL Entretenimento: Você acha que o brasileiro pode cansar da comédia stand-up (pela falta de tradição neste tipo de humor)?
Danilo Gentili - Tradição é uma palavra que me remete a coisas chatas. O humor é universal e transgressor por natureza. Logo, tradição não é bem a característica que garante o sucesso de um comediante ou piada. Conheço filho de comediante famoso chatíssimo. Nem tradição salvou ele. Enquanto os comediantes stand-ups forem engraçados, autênticos e fizerem o trabalho com paixão, seja em qual parte do mundo for, o gênero terá seu público. E também quem odeie.
UOL Entretenimento: Assim como Rafinha Bastos, você também almeja carreira internacional?
Danilo Gentili - Sempre que ele planeja uma coisa eu planejo exatamente o contrário. Assim fico com a consciência tranquila sabendo que estou buscando o caminho do bem.
UOL Entretenimento: Você comparou humoristas de stand-up aos punks em declaração ao "New York Times". Explique melhor isso, o que os comediantes de stand-up tem a ver com o "faça você mesmo"?
Danilo Gentili - Quando os punks (e o rock) surgiram eram criticados pelos músicos mais convencionais, pois pregavam no cenário musical que qualquer um podia ser músico. Eles deixaram a música mais acessível a todos. E vejo isso hoje. Existe (cada vez menos, mas ainda existe) gente que estudou teatro, fez cursos de interpretação e roteiro com certa resistência em admitir que um cara pode sair de casa, escrever um texto autêntico, fazer as pessoas rirem e atrair uma pequena multidão ao seus shows, ignorando completamente o respeito quase santo que um ator tem pelo palco. Adoro quando um ator me rejeita e diz que não sou ator. Porque não sou mesmo. E adoro também quando dizem que o que eu faço não é teatro, porque nao é! Sou apenas um cara que saiu de casa e escreve uns textos. Vai me assistir quem quer. Fico feliz que muita gente queira até aqui.
UOL Entretenimento: Dos seus colegas de stand-up, quem você realmente acha engraçado?
Danilo Gentili - Murilo Couto, Leo Lins e Marcelo Masnfield. Todos fazem a mesma coisa: stand-up. E todos conseguem ser geniais de uma forma bem diferente da outra.
UOL Entretenimento: Como seria sua carreira sem o Twitter?
Danilo Gentili - Sem o Twitter seria ótima. Sem a comédia stand-up não seria nada.
(UOL Entretenimento)
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