Rafinha Bastos fala de sucesso e polêmica


Às 10h37min na sala 32 do Hospital Ernesto Dorneles, no dia 5 de dezembro de 1976, em Porto Alegre, nascia Rafael Bastos Hocsman. O garoto judeu cresceu – e muito. Formou-se em jornalismo na PUCRS e foi para os Estados Unidos jogar basquete na Liga Universitária Norte Americana (NCAA). Além de aprender a trabalhar em grupo e a ser competitivo, graças ao basquete, foi nos EUA que ele teve o primeiro contato com o stand up comedy, o que mudou a sua vida definitivamente.

Rafinha criou na internet a “Página do Rafinha”, não só para se comunicar com os amigos do lado de cá, mas também para fazer humor, tirando sarro de gente como Britney Spears, Sandy e Junior e Village People. Logo o Portal Terra se interessou pelo site. Em 2002 ele veio morar em São Paulo, atuando no mercado publicitário, apresentando programas na rede e disponibilizando vídeos no You Tube.

Aos poucos, Rafinha Bastos foi tornando seu nome conhecido, e dois anos depois pisou num palco para se apresentar como comediante, no espetáculo “Mondo Canne”. Com o show de humor “Clube da Comédia Stand Up” tornou-se popular nos bares de São Paulo, ao lado de Diogo Portugal e Oscar Filho.

Boa pinta, com 100 quilos distribuídos em dois metros de altura, Rafinha faz questão de descartar a fama de símbolo sexual, lembrando que quando trabalhava como caixa de supermercado em sua cidade natal era chamado de “o brutamontes do caixa 7”.

“Comediante faz piada. Simples assim”

Apesar disso, Rafinha já apresentou um programa de humor erótico na rádio 89 FM e atuou na série de televisão Mothern, do canal GNT, o que contribuiu para aumentar o seu fã-clube.

Mas foi com a estreia na bancada do “CQC”, em 2008, que Rafinha ficou sob as luzes da ribalta: o programa jornalístico-humorístico, que vai ao ar nas segundas-feiras à noite na Band, é fenômeno de audiência. Com a fama, o colorado roxo (torcedor do Internacional) pôde engrenar a participação em outro programa na emissora, “A Liga”, dedicado a reportagens investigativas com bom humor e formato diferenciado.

Ao lado de Danilo Gentili, Rafinha abriu em São Paulo o primeiro comedy club do país. Intitulado Comedians Club, ele tem o molde das tradicionais casas americanas do gênero.

Sem dar bola para a censura, o humorista gaúcho conta que está mais ácido do que o normal em seu segundo show solo de stand up comedy, “Péssima Influência”, que ele apresenta hoje em Belém, em duas sessões no Hangar, com apoio da TV RBA.

Elegendo como seus ídolos o pai e o ator Carlos Vilagran (intérprete do Kiko, personagem de Chaves), Rafinha diz gostar de Foo Fighters, Jackson 5 e Rage Against the Machine, mas não é possível saber se tudo que sai da boca dele é verdade ou piada. E foi brincando que Rafinha Bastos concedeu a seguinte entrevista ao CADERNO VOCÊ.

P: Qual o segredo para fazer rir?

R: É ter uma cara engraçada, umas ideias malucas ou pessoas dispostas a rir. Uma das três opções. No meu caso, o texto é fundamental. Não há pirueta que eu faça, que levará o público ao riso, se eu não tiver boas ideias.

P: Você já fazia comédia em público no Rio Grande do Sul? Como foi a tua transição para a vida de humorista e ator?

R: No RS eu era apenas jornalista, mas sempre quis fazer humor na TV. Foi na internet que eu descobri que era engraçado. O palco apareceu anos depois na minha vida, e foi nele que fui vendo a comédia com outros olhos e percebendo que aquele era o meu caminho.

P: Você foi eleito pelo New York Times a pessoa mais influente do twitter, derrotando nomes como Ashton Kutcher e Lady Gaga. O que você pensou quando recebeu a notícia?

R: A primeira foi: o mundo está perdido. A segunda foi: eu sou demais. A terceira foi: que bendito ranking é esse? A quarta foi: tenho que divulgar isso. A quinta foi: preciso de um whisky?

P: Você não teme ser vítima da própria acidez? Incomoda a reação da mídia e da Justiça quando você fala algo mais pesado, como a piada sobre estupro?

R: Sou comediante, e comediante faz piada. É simples assim. Nunca subi num palanque. Tudo foi dito no palco, um ambiente que por si só já carrega uma desconstrução. Descontextualizada, qualquer piada perde a graça e vira agressão.

P: No que o stand up brasileiro se diferencia do americano? O que o torna relevante e não apenas uma cópia do original?
R: Não é uma cópia. É apenas um formato. A língua é diferente, mas as ideias são diversas entre os comediantes, não entre as nações. Com o mundo globalizado, até os temas às vezes são similares. E temos muita gente boa fazendo show, então não acho que perdemos em nada para os outros países.

(Diário do Pará)

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